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O que significa o segundo mandato de Donald Trump para o nosso clima?

    Washington – No primeiro dia do seu segundo mandato como Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump cumpriu as promessas da sua campanha eleitoral: nada mais de proteção climática, nada mais de prioridade às questões ambientais. No Salão Oval, assinou publicamente uma ordem executiva que retirou os Estados Unidos do “desastroso” Acordo de Paris, que, segundo ele, “enganara” o povo americano. Anunciou em voz alta que a exploração de petróleo e gás iria ser intensificada, pondo fim ao foco nas energias renováveis.

    A mensagem é clara: para a administração Trump, a proteção climática significa declínio económico, político e social. Na sua visão, a regulamentação ambiental torna tudo mais caro e complicado. A América industrial e forte – uma potência política global onde as famílias podem usufruir de uma boa qualidade de vida – estaria, na sua ótica, a ser travada pelas regras climáticas.

    No início do ano, a recém-reestruturada Agência de Proteção Ambiental (EPA) anunciou que iria rever e revogar mais de 30 regulamentos ambientais (incluindo limites de poluição da água em centrais a carvão, volumes de produção de petróleo e gás e normas de emissões automóveis). O novo diretor da EPA, o fervoroso apoiante de Trump, Lee Zeldin, escreveu num artigo de opinião no Wall Street Journal:

    “Ao reformularmos regras massivas sobre a constatação do perigo climático, o custo social do carbono e outras matérias semelhantes, estamos a cravar uma adaga no coração da religião das alterações climáticas e a inaugurar a Idade Dourada da América. Estas ações vão eliminar biliões de dólares em custos regulatórios e impostos escondidos. Como resultado, o custo de vida das famílias americanas vai diminuir e bens essenciais como comprar um carro, aquecer a casa ou gerir um negócio tornar-se-ão mais acessíveis. As nossas medidas também vão reanimar a indústria transformadora americana, espalhando benefícios económicos pelas comunidades.”

    Durante o seu primeiro mandato (2017–2021), a administração Trump revogou mais de 125 medidas e regulamentos ambientais. A Lancet Commission on Public Policy and Health – um grupo de cientistas criado em 2017 para monitorizar o impacto das políticas de Trump na saúde dos americanos – concluiu num estudo que as políticas ambientais de Donald Trump e do seu vice-presidente, Mike Pence, provocaram mais de 22.000 mortes adicionais só em 2019, sobretudo devido ao aumento da poluição atmosférica.

    Nos primeiros dois meses do segundo mandato, o Climate Backtracker da Universidade de Columbia já contabilizou mais de 70 medidas que afastam os EUA da proteção climática – e o número continua a crescer. Entre os planos anunciados está a reversão dos incentivos de Joe Biden aos veículos elétricos e a suspensão da construção de novas turbinas eólicas.

    Mas o que significa isto, na prática, para a proteção climática da maior economia industrializada do mundo — e para o clima global?

    O cientista climático Niklas Höhne, do New Climate Institute, ofereceu uma perspetiva relativamente tranquilizadora:

    “As emissões de gases com efeito de estufa nos EUA vão continuar a descer, mas de forma mais lenta. A questão é: quanto mais lenta? Trump não pode simplesmente fazer o relógio andar para trás”, disse em entrevista ao Tagesschau.de.

    Preocupações sobre a colaboração científica

    A bióloga marinha Antje Boetius, diretora do Instituto Alfred Wegener de Investigação Polar e Marinha em Bremerhaven, manifestou também receios quanto ao futuro da cooperação científica internacional. Em maio, Boetius assumirá a presidência do Monterey Bay Aquarium Research Institute na Califórnia. Em declarações à agência noticiosa DPA, sublinhou que os cientistas alemães e americanos sempre mantiveram uma estreita colaboração, sobretudo na investigação polar e marinha:

    “Existe um elevado nível de intercâmbio em todas as etapas da carreira. Sob esse ponto de vista, um enfraquecimento da investigação americana significa também um enfraquecimento da ciência internacional como um todo.”

    Texto de Karolina Pajdak
    Imagem: Pete Linforth/Pixabay

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